Sobre a "gourmetização" de brechós

Foto por: fashionunited.uk
Uns dias atrás vi algumas postagens de pessoas reclamando do alto custo de peças usadas e que "estão fora de moda" ou "fora de tendência". Primeiramente é preciso entender como funciona a industria textil em todo o mundo e o quanto ela não é nada ecológica, se tratando disso tenho uma postagem bastante interessante sobre o assunto que são A Industria da Moda e o Impacto Ambiental e Moda Consciente: Vestuário sustentável, inclusive uma dessas postagens contém indicação de marcas que se baseiam em ecologia e sustentabilidade para criar suas peças.
A "gourmetização" dos antigos brechós baratinhos tem crescido no cenário atual devido à diversos fatores, o que pode ser ruim da perspectiva econômica, afinal, são peças usadas que perdem seu valor com o tempo porque a industria se renova. Certo? Certo. Porém temos que pensar que a valorização das peças usadas e antigas em perfeito estado de conservação, que estão ótimas para uso, devem ter seu valor, ainda mais pensando sustentabilidade. Roupas que não possuem valor no mercado são roupas que serão "jogadas no lixo", mas são roupas que já geraram poluentes desde a matéria prima, até sua fabricação, venda (sacos, sacolas e etc.), uso (devido às lavagens diárias) e continuarão deixando poluentes para trás. Então será que é correto desvalorizarmos peças antigas, mesmo já usadas porque são roupas "velhas"? São velhas pra quem?
Quando o mercado de roupas usadas se abre pra possibilidades existem dois problemas, um deles é do aspecto econômico, as peças que antes eram de fácil acesso popular viram requinte e passa a ser usada pela elite, transformando esse sistema que antes era econômico, sustentável e acessível em um novo ciclo de fast fashion (usa na tendência e joga "fora" depois), volta-se a usar roupas que já saíram de moda e não é mais tendência, fazendo-as virar tendência e daí caímos no ciclo vicioso da industria como sempre, nesse caso é um problema. Mas quando a demanda das grandes empresas caem nós ganhamos um lado positivo, afinal, se é tendência resgatar peças antigas e usadas nos brechós, algumas lojas vão ser obrigadas à se adaptar, certo?! De que forma elas vão se adaptar à nova "tendência" é uma questão profunda, pode ou não ser previsível, mas uma coisa é certa, um movimento social desestabiliza a industria, basta ser um consumidor consciente e militar por isso pra manter esse movimento funcionando. Principalmente contra a gourmetização, além da industria.
Quando pessoas se prestam à cuidar de roupas que iriam ser jogadas fora, já que muitas roupas usadas acabam não tendo como destino brechós e doações (Pra onde vão as roupas que você joga fora?), elas adquirem valor, usa-se produtos para lavá-la, gasta-se tempo para lavar, passar e encontrar meios para repassá-la e por isso essas roupas adquirem valor comercial. Por isso muitas vezes nós encontramos peças já usadas em ótimo estado que apesar de "estar fora de moda", ou seja, fora da circulação e tendência e por isso fora do ciclo de fast fashion e portanto fora de produção e venda em grande escala, são peças únicas que daqui algum tempo serão difíceis de se encontrar em lojas e podendo ou não agradar à grande maioria, ainda agrada muita gente que vem resgatando essas peças tão nostálgicas.
Um caso bastante famoso dessa mudança de tendência são as calças boca de sino e calças de cintura alta que eram tendência, muito procuradas, fabricas e usadas entre os anos 60, 70, 80 e 90 e que perderam a sua força nos anos 2000 com a tendência das calças com cintura baixa que moldavam o corpo feminino. Com a pausa na fabricação dessas calças antigas e a produção de calças de cintura baixa em larga escala as calças boca de sino e cintura alta que eram tendência perderam o seu valor e foram repassadas para brechós e/ou pior, jogadas no lixo. Hoje essa tendência volta ao mercado graças à pessoas que foram resgatar a moda dos anos 60 aos 90 por nostalgia, criando assim seu próprio estilo e fazendo tendência. Novamente esse estilo entra em produção em grande escala já que como havia perdido seu valor nos anos 2000 foram rejeitadas e as calças cintura baixa hoje são descartadas do mesmo modo.
Um caso bastante famoso dessa mudança de tendência são as calças boca de sino e calças de cintura alta que eram tendência, muito procuradas, fabricas e usadas entre os anos 60, 70, 80 e 90 e que perderam a sua força nos anos 2000 com a tendência das calças com cintura baixa que moldavam o corpo feminino. Com a pausa na fabricação dessas calças antigas e a produção de calças de cintura baixa em larga escala as calças boca de sino e cintura alta que eram tendência perderam o seu valor e foram repassadas para brechós e/ou pior, jogadas no lixo. Hoje essa tendência volta ao mercado graças à pessoas que foram resgatar a moda dos anos 60 aos 90 por nostalgia, criando assim seu próprio estilo e fazendo tendência. Novamente esse estilo entra em produção em grande escala já que como havia perdido seu valor nos anos 2000 foram rejeitadas e as calças cintura baixa hoje são descartadas do mesmo modo.
Se uma peça quase não usada, sem sinais de deterioração e em perfeito estado pra uso faz total sentido que ela possua esse valor. Além de gerar renda extra pra alguém que provavelmente comprou essa peça por um valor muito mais alto em época de tendência, ainda é uma peça útil.
O grande problema em comprar peças novas além da poluição do ar e de rios e mares é inclusive alimentar a industria que provoca esse desequilíbrio ambiental. O Fast Fashion é um "ciclo útil" de uma roupa nova e que é tendência no mercado, além do alto custo na produção e na venda desse produto esse produto entra em vendas em um dia e sai no outro, fazendo o ciclo ser mais rápido e aumentando a produção e lucro.
MAS AS PEÇAS DE BRECHÓS JÁ NÃO FIZERAM PARTE DESSE PROCESSO?
A grande maioria sim. Mas a moda precisa se reciclar, enquanto continuarmos produzindo, produzindo, produzindo, gastando o que se tem e o que não se tem de matéria prima e poluindo cada vez mais ar, rios e mares em roupas que deveriam ter um sentido para o uso, como aquecer e cobrir nosso corpo e acabam perdendo esse sentido, nós vamos estar alimentando a industria e deixando o planeta extremamente sobrecarregado.
Embora já tenham poluído na produção e continuar poluindo em pequena escala, já são peças prontas. O número de peças que são descartadas é muito alta, isso quer dizer que o nosso consumo rápido também está sendo, isso é um problema porque contribui pra poluição, contribui pra exploração desenfreada e irresponsável de matérias primas, inclusive venda e uso de agrotóxicos, exploração de mão de obra (trabalho escravo) porque a demanda é muito alta tanto na produção quanto na venda e o consumo inconsciente e irresponsável que alimenta cada vez mais esse ciclo.
Ao contrário do que muitos pensam, não é só loja de grife com preços alarmantes que usam de trabalho escravo e larga produção, as empresas menores também fazem. Principalmente lojas onde as roupas são barateadas e produzem e vendem muito.
Imagem por: fashionunited.com
LISTA SUJA
É importante termos noção do nosso consumo porque é desse modo que a gente quebra o ciclo vicioso, inconsciente e irresponsável do fast fashion. O governo tem feito um papel importante para cobrar empresas que usam mão de obra barateada, explorando trabalhadores, principalmente trabalhadores imigrantes, e criou o que chama de "Lista Suja". A lista contém marcas que para driblar leis para seu próprio benefício usam lugares suspeitos com pessoas em péssima situação de trabalho, trabalhando com diversos riscos. Essa lista pode ser conferida AQUI.
É um papel do governo fiscalizar e garantir que as leis sejam cumpridas e é o nosso papel cobrar respostas dessas empresas porque somos nós quem financiamos elas direta ou indiretamente todos os dias. Se nós pensamos ecologicamente, se nós somos contra trabalho escravo, anticapitalismo e qualquer coisa que vá de encontro com esses movimentos, é nossa responsabilidade não somente cobrar como inclusive boicotar a industria.
O grande problema em comprar peças novas além da poluição do ar e de rios e mares é inclusive alimentar a industria que provoca esse desequilíbrio ambiental. O Fast Fashion é um "ciclo útil" de uma roupa nova e que é tendência no mercado, além do alto custo na produção e na venda desse produto esse produto entra em vendas em um dia e sai no outro, fazendo o ciclo ser mais rápido e aumentando a produção e lucro.
MAS AS PEÇAS DE BRECHÓS JÁ NÃO FIZERAM PARTE DESSE PROCESSO?
A grande maioria sim. Mas a moda precisa se reciclar, enquanto continuarmos produzindo, produzindo, produzindo, gastando o que se tem e o que não se tem de matéria prima e poluindo cada vez mais ar, rios e mares em roupas que deveriam ter um sentido para o uso, como aquecer e cobrir nosso corpo e acabam perdendo esse sentido, nós vamos estar alimentando a industria e deixando o planeta extremamente sobrecarregado.
Embora já tenham poluído na produção e continuar poluindo em pequena escala, já são peças prontas. O número de peças que são descartadas é muito alta, isso quer dizer que o nosso consumo rápido também está sendo, isso é um problema porque contribui pra poluição, contribui pra exploração desenfreada e irresponsável de matérias primas, inclusive venda e uso de agrotóxicos, exploração de mão de obra (trabalho escravo) porque a demanda é muito alta tanto na produção quanto na venda e o consumo inconsciente e irresponsável que alimenta cada vez mais esse ciclo.
Ao contrário do que muitos pensam, não é só loja de grife com preços alarmantes que usam de trabalho escravo e larga produção, as empresas menores também fazem. Principalmente lojas onde as roupas são barateadas e produzem e vendem muito.

LISTA SUJA
É importante termos noção do nosso consumo porque é desse modo que a gente quebra o ciclo vicioso, inconsciente e irresponsável do fast fashion. O governo tem feito um papel importante para cobrar empresas que usam mão de obra barateada, explorando trabalhadores, principalmente trabalhadores imigrantes, e criou o que chama de "Lista Suja". A lista contém marcas que para driblar leis para seu próprio benefício usam lugares suspeitos com pessoas em péssima situação de trabalho, trabalhando com diversos riscos. Essa lista pode ser conferida AQUI.
É um papel do governo fiscalizar e garantir que as leis sejam cumpridas e é o nosso papel cobrar respostas dessas empresas porque somos nós quem financiamos elas direta ou indiretamente todos os dias. Se nós pensamos ecologicamente, se nós somos contra trabalho escravo, anticapitalismo e qualquer coisa que vá de encontro com esses movimentos, é nossa responsabilidade não somente cobrar como inclusive boicotar a industria.
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